quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Naturismo: tirar a roupa é apenas um detalhe

Até mesmo entre os praticantes faz-se confusão sobre o que é ser nudista, naturista ou naturalista. Sem buscar as definições oficiais (algumas delas também se desencontram) consultei praticantes desse universo (dos sem roupa) e os conceitos práticos se apresentam com simplicidade consensual.
Nudista é aquele que gosta de andar pelado e tirar a roupa é uma condição que se busca constantemente nos mais diversos ambientes.
Naturalistas são os adeptos das comidas naturais (sem processamento industrial) e que também evitam carnes vermelhas.
Os naturistas são aqueles que comem de tudo, mas preferem uma alimentação mais natural, preferem viver em ambientes onde o uso da vestimenta não é obrigatório e têm uma vertente ambientalista de defender, preservar e recuperar a natureza.

Peixe frito, como nos tempos das cavernas, ou churrasco grelhado no carvão também fazem parte do cardápio dos naturistas

Nem todo nudista é naturista ou naturalista.
Nem todo naturalista é nudista ou naturista.
Todo naturista é nudista com tendência ao naturalismo.

No Rio Grande do Sul, município de Taquara, na localidade de Morro das Pedras, está a única Vila Naturista do Brasil: Colina do Sol. Distante cerca de 45 minutos de Porto Alegre, o local é um refúgio difícil de encontrar.

A região do Morro das Pedras sofre violenta agressão ambiental pela extração da Pedra Gres

As pedras são bastantes utilizadas na construção de muros e paredes

Os naturistas preferem lugares de difícil acesso, pois inibem a presença de curiosos ou de pessoas que têm uma percepção distorcida sobre a nudez. Distorcida, no caso, é relacioná-la com o ato sexual, simplesmente.
A maioria das pessoas só tira a roupa para tomar banho e fazer sexo. Muitas dessas também fazem sexo enquanto tomam banho. Então, esse senso comum tem uma relação com a nudez completamente diferente para o naturista, que também faz sexo, é claro, mas não é a nudez que provoca o desejo ou o estímulo para isso.

Os naturistas praticantes, mas também os iniciantes, que desejam uma convivência num ambiente de ótima infraestrutura, segurança, privacidade e de muito contato com a natureza, podem se hospedar em algumas das dezenas de cabanas edificadas entre eucaliptos e exuberante mata.

Quase uma centena de cabanas de vários modelos integram-se harmoniosamente ao ambiente
O casal Collins mora no local e empreende na venda e aluguel de cabanas. Marlene Farias Collins é mulher do inglês naturalizado brasileiro, Colin Collins.
Colin Collins, 73, nasceu em Addiscombe, perto da capital britânica, Londres. Está no Brasil desde os 18 anos. Quando tinha 49 anos apaixonou-se pela vizinha que também trabalhava com ele, uma cearense de 22 anos. Ele recorda que desde jovem fora praticante do naturismo. Ela aprendera com o companheiro. A pretensão do casal é não sair mais da Colina do Sol. “Nasci naturista. Me incomoda estar vestido. Aqui é um bom local para nós, um ambiente saudável para casais”, diz, convicto, o ex-engenheiro de telecomunicações que depois se tornou cinegrafista. O vídeo que está na página de entrada na internet é produção do casal.

Uma piscina feita de pedras (abundam na região) tem água cristalina de poço artesiano e desníveis para adultos e crianças. A água da piscina é rápida e naturalmente aquecida pelo sol durante o verão
As noites são convidativas aos passeios pelas ruas de chão batido ou pelos gramados. Se dali tem-se uma das mais belas vistas de pôr-do-sol do Rio Grande do Sul, a lua cheia é estímulo ao romantismo.

Luar de primavera na Colina do Sol


No local há pequeno mercado para algumas necessidades básicas. Recomenda-se que você escolha cardápios especiais para cozinhar com seus familiares transformando o ato numa prazerosa e inesquecível convivência.
Se você ainda não acessou o sítio www.marcolina.com.br para ver o vídeo e todas as informações para aluguel ou compra de cabanas, faça agora.
Além desses prazeres, a estada será uma excelente oportunidade de educação e conscientização ambiental.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Lula, o filho do Brasil se escondia por aqui...


Lula tem amigos na região. Costumava passar férias em paraísos onde se pegava peixes do tamanho deste. Você conhece o lugar?
Agora, além de presidente ele é tema de filme: Lula, o filho do Brasil. Baseado no livro homônimo escrito pela jornalista Denise Paraná, o filme de Luiz Carlos Barreto narrará a história do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde o seu nascimento até a morte da mãe. A estreia prevista para o ano novo de 2010 deve ter a intenção de favorecer a sucessão presidencial (por mais que neguem os petistas, a obviedade é infantil).

Um destes é parente do presidente. Você sabe quem?

Alguém duvida que o filme será um dos maiores sucessos de bilheteria da história do cinema brasileiro? Sindicatos de trabalhadores de todo o Brasil já se mobilizam para encontrar fórmulas legais de "patrocinar" ou "subsidiar" os preços dos ingressos para que sejam populares.
As salas de cinema de Joinville e São Francisco do Sul (essa é dica) serão tomadas por trabalhadores, petistas, simpatizantes e amigos do presidente.

Lula colheu marisco na fazenda do amigo. Agora ficou fácil?

sábado, 17 de outubro de 2009

Sótão premiado


Tenho me arvorado como produtor cultural. Na empresa, temos produzido projetos diversos para serem viabilizados com captação de recursos públicos e privados para a produção de eventos culturais, artísticos, educativos etc.
O projeto “Histórias da Nossa Gente”, patrocinado pelo Governo Federal através do Ministério da Cultura resultou numa pesquisa de campo para o resgate de parte do patrimônio imaterial em cinco comunidades rurais e de pescadores de Joinville e região. Uma dramaturgia foi produzida com esta pesquisa e também premiada pelo Governo do Estado de Santa Catarina em 2009. A produção de um espetáculo de teatro (Sótão) está em andamento com estreia prevista em novembro de 2010.

Sótão - Concorreu com quase dois mil projetos e foi um dos 189 premiados pelo Edital Elisabete Anderle de Estímulo a Cultura

Ilaine Melo comemora o encontro com a arma ideal que deveria ter composto cenário de outro espetáculo: Babaiaga. Muriel Szym atento ao desfecho da descoberta...

Ficha Técnica
Direção: Ilaine Melo
Atores: Ilaine Melo e Muriel Szym. Trilha sonora: Fabio Kabelo
Confecção de instrumentos musicais: Fábio Kabelo
Produção: Altamir Andrade

Em 2006 a dramaturga, diretora e atriz de teatro Ilaine Melo, foi uma das premiadas do Prêmio Mirian Muniz da Funarte. O Prêmio recebido era para realizar uma pesquisa junto a cinco comunidades da Região de Joinville, “resgatando” lendas, mitos, causos, que fazem parte do “acervo cultural imaterial” destas comunidades, tendo como objeto final a elaboração de um texto dramatúrgico. As regiões pesquisadas foram:
- Estrada Palmeiras (comunidade rural de Joinville)
- Morro do Amaral (comunidade pesqueira de Joinville)
- Quiriri (comunidade rural de Joinville)
- Barra do Itapocu (comunidade rural de Araquari)
- Vila da Glória (comunidade pesqueira de São Francisco do Sul).

Todos ficaram mais tranquilos ao ver o destino/uso do comemorado punhal, especialmente Fábio Kbelo que foi servido com um naco da sua mais consumida iguaria: torresmo

Nasceu assim: Sótão, um texto que funde histórias e mistério, o envolvimento com o fantástico, com o sobrenatural tão presente e vivo em comunidades tradicionais. O texto aborda quatro blocos:
1- Lobisomens
2- Bruxas
3- Benzedeira
4- Mortos e Assombração

Assim deverá ser o espetáculo: quatro pequenos atos, independentes, mas, intimamente ligados por um fio condutor - o imaginário. A ideia de montagem é que o espetáculo seja apresentado preferencialmente em sótãos e teatros de bolso, locais onde por si só reside o mistério; mistério é a palavra-chave do espetáculo. O objetivo é envolver a platéia num universo atemporal, num encontro-reencontro com arquétipos que envolvem a humanidade a milhares de anos. O espetáculo irá envolver a arte milenar da narrativa com uma atuação contemporânea, não linear, onde o corpo, a voz e a música não são elementos ilustrativos, são a própria cena, são a própria ação.



O cenário deverá ser um ambiente acolhedor, com cheiro de mistério, de lugar não-comum. Cada canto do ambiente contará por si só uma história. A intenção é que a platéia ao entrar no local, tenha pequenas histórias contadas sem necessariamente ouvir uma única palavra. Signos estarão espalhados por todo o espaço.
A música também deverá fazer parte da dramaturgia. Instrumentos não convencionais serão construídos para, além da trilha sonora, enriquecer a composição do cenário. Portanto, a atuação, a música e o cenário, são convites para o espectador mergulhar nas histórias que a muito fazem parte do inconsciente coletivo.

O grupo no processo criativo. Percebe-se, não?
Dar vida cênica a estas lendas, a estas assombrações, vai além de mantê-las entre nós, pretensiosamente queremos dar a elas um tom poético, usar do poder do teatro para tanger a alma humana, transpondo o limite entre o real e o imaginário.
Descrição: Montagem do espetáculo de teatro para espaços alternativos. Espetáculo que envolve trechos de histórias do universo popular catarinense. Histórias estas recolhidas em cinco comunidades tradicionais: pesqueiras e rurais do norte do Estado de Santa Catarina.

O primeiro encontro para criação do bloco do lobisomem aconteceu no sítio do amigo Gilmar Ferreira, às margens da BR 376, no Paraná, na noite chuvosa de 15 de outubro de 2009, Dia do Professor. A recepção que tivemos pelo chacreiro (Sagui, como é conhecido) foi inusitada. Ele estava com o "tanque" cheio, mas foi gentilmente solícito.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Premiados do II Festival Paulínia de Cinema

A imagem é o troféu Menina de Ouro gigantemente ampliado para um monumento no meio da rótula rodoviária de acesso ao Polo Cinematográfico de Paulínia, SP

A Coca-cola, o jeans, o tênis foram vendidos para o mundo através do cinema. Nos EUA a indústria cinematográfica é prioridade de governo e uma ferramenta de integração extraordinária. O atraso brasileiro nessa área teve um capítulo recente protagonizado pelo ex-presidente Fernando Collor de Melo quando numa canetada extinguiu a Embrafilme. Com a Ancine o governo está incentivando a retomada dos investimentos. Apesar disso, não faltam críticas às políticas do Governo Federal.
Durante o II Festival Paulínia de Cinema debates diários enriqueceram o evento que aconteceu no período de 9 a 16 de julho. No que tratava dos “Desafios da Produção Cinematográfica”, o presidente da Academia Brasileira de Cinema (ABC), Roberto Figueira de Farias foi enfático: “Iniciativas como Paulínia são muito mais saudáveis porque os incentivos são dirigidos ao cineasta”.
A afirmação se justifica porque segundo Farias as leis de incentivo não foram feitas para o cineasta. “O incentivo é oferecido a empresas a quem o cineasta deve buscar dinheiro (patrocínio público ou privado) para fazer o filme. Elas viram sócias dos filmes. São as grandes empresas que decidem quais filmes serão produzidos no Brasil”.
A produtora Mariza Leão, da Morena Filmes, faz coro e complementa que no sistema atual via editais o filme sofre ainda a avaliação de uma comissão que faz um julgamento que é sempre uma abstração e raramente tem pensamento estruturado como acontece em Paulínia. “Aqui o pensamento é vertical com formação e utilização de mão de obra, por exemplo. Aqui você tem balizamentos que permitem entender quando você deve trazer seu projeto para cá, diferente de outros fora de Paulínia”.
O presidente da ABC também encontra unanimidade no meio artístico quando diz que, por ser público o dinheiro recebido via editais, há uma série de exigências burocráticas “infernais” que custam caro. “Não estou pregando que a forma atual desapareça, mas que se busquem alternativas para mais liberdade de expressão. Hoje fazemos filmes para agradar empresas, diretores de marketing e patrocinadores”, desabafa Farias.
Apesar de estar na segunda edição, o Festival Paulínia de Cinema já é reconhecido nacionalmente. Representantes do estado que sempre foi líder no segmento audiovisual, o Rio de Janeiro, vieram buscar inspiração. “Estamos impressionados com tudo o que já tem e acontece aqui em tão pouco tempo. É uma visão inovadora, de longo prazo”, reconhece Cristina Bokel Becker, Chefe do Escritório de Apoio ao Áudio Visual da Secretaria de Estado de Cultura carioca.
O Secretário de Cultura de Paulínia Emerson Pereira Alves admite que a cidade criada pelos militares em 1964 como estratégia de Segurança Nacional com a instalação da maior refinaria de petróleo do país ainda não vive do cinema. “Mas a semente que se plantou no governo passado já está dando frutos. Em média, cada R$ 10 mil investidos geram trinta empregos diretos. Cada um destes cria mais três indiretos”, afirma Alves que era secretário municipal na gestão anterior.
A política de incentivo ao cinema em Paulínia destina verbas do Fundo Municipal de Cultura via editais (no mínimo 1,5% da receita em cultura) sob a forma de prêmios. “Criada há cerca de quatro anos, com essa lei o dinheiro vem da prefeitura através de fomento. Quem ganha não precisa correr atrás de empresas para deduzir de impostos os seus patrocínios”, explica o diretor geral do festival Ivan Melo.
Neste II Festival Paulínia de Cinema foram distribuídos R$ 650 mil em prêmios entre os competidores. A relação dos premiados se compõe de excelentes sugestões para quem aprecia boas obras. São elas:

LONGA-METRAGEM FICÇÃO
Melhor Filme (R$ 60 mil): Olhos Azuis, de José Joffily.
Melhor Direção (R$ 30 mil): Ana Luiza Azevedo, de Antes que o Mundo Acabe
Prêmio Especial do Júri (R$ 30 mil): O Contador de Histórias, de Luiz Villaça.
Melhor Roteiro (R$15 mil): Paulo Halm e Melanie Dimantas, de Olhos Azuis
Melhor Ator (R$ 25 mil): Marco Ribeiro, Paulo Mendes e Cleiton Santos, de O Contador de Histórias
Melhor Atriz (R$ 25 mil): Cristina Lago (Olhos Azuis), Silvia Lourenço e Maria Clara Spinelli (Quanto Dura o Amor?)
Melhor Ator Coadjuvante (R$ 15 mil): Irandhir Santos, de Olhos Azuis
Melhor Atriz Coadjuvante (R$ 15 mil): Nívea Magno, de No Meu Lugar
Melhor Figurino (R$ 15 mil): Rosangela Cortinhas, de Antes que o Mundo Acabe
Melhor Trilha Sonora (R$ 15 mil): Leo Henkin, de Antes que o Mundo Acabe
Melhor Direção de Arte (R$ 15 mil): Fiapo Barth, de Antes que o Mundo Acabe
Melhor Som (R$ 15 mil): François Wolf, de Olhos Azuis
Melhor Montagem (R$ 15 mil): Pedro Bronz, de Olhos Azuis
Melhor Fotografia (R$ 15 mil): Jacob Solitrenick, de Antes que o Mundo Acabe.

LONGA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
Melhor Documentário (R$ 45 mil): Só Dez Por Cento é Mentira, de Pedro Cezar
Melhor Direção de Documentário (R$ 30 mil): Roberto Berliner e Pedro Bronz, por Herbert de Perto

CURTA-METRAGEM REGIONAL
Melhor Filme (R$ 20 mil): Juliano Luccas, de Spectaculum
Melhor Direção (R$ 15 mil): Caue Fernandes Nunes, de Quem será Katlyn
Melhor Roteiro (R$ 8 mil): Pedro Struchi, de Prós e Contras
Melhor Ator (R$ 8 mil): Alexandre Caetano, de Prós e Contras
Melhor Atriz (R$ 8 mil): Roseli Silva, de Morte Corporation
Melhor Montagem (R$ 8 mil): Caue Fernandes Nunes, de Quem será Katlyn
Melhor Fotografia (R$ 8 mil): Marcelo Mazzariol, de Spetaculum

CURTA-METRAGEM NACIONAL
Melhor Filme (R$ 20 mil): Timing, de Amir Admoni
Melhor Direção (R$ 15 mil): Érico Rassi, de Milímetros
Melhor Roteiro (R$ 8 mil): Erico Rassi de Milímetros
Melhor Ator (R$ 8 mil): Fábio Di Martino, de Milímetros
Melhor Atriz (R$ 8 mil): Débora Falabella, de DoceAmargo
Melhor Montagem (R$ 8 mil): Amir Admoni, de Timing
Melhor Fotografia (R$ 8 mil): André Modugno, de Relicário

PRÊMIO DA CRÍTICA
Melhor Filme de Ficção: Antes que o Mundo Acabe, de Ana Luiza Azevedo
Melhor Filme de Documentário: Moscou, de Eduardo Coutinho

JÚRI POPULAR
Melhor Filme de Ficção (R$ 30 mil): O Contador de Histórias, de Luiz Villaça
Melhor Filme de Documentário (R$ 20 mil): Caro Francis, de Nelson Hoineff
Melhor Curta-metragem Nacional (R$ 10 mil): Nesta Data Querida, de Julia Rezende
Melhor Curta-metragem Regional (R$ 10 mil): Quem será Katlyn, de Caue Fernandes Nunes

segunda-feira, 23 de março de 2009

Bons oradores têm melhores cargos e salários

Ponha-se na cadeira de um grupo de acionistas.
O cargo de presidente está vago.
Uma entrevista de seleção vai acontecer.
Do recrutamento sobraram dois candidatos. Irmãos gêmeos. Estudaram nas mesmas escolas, fizeram os mesmos cursos de especialização, têm os mesmos conhecimentos. Para qual deles será o seu voto?
A resposta é óbvia: se os dois estão igualmente qualificados, ficará com a vaga aquele que se comunica melhor!
Lembra-se de quando você estava na escola?
Anos depois encontra os colegas que eram os “CDFs”, que tiravam as melhores notas, faziam todos os trabalhos, eram os mais quietinhos e você quase morria de inveja das notas deles.
Encontra também aqueles que viviam atrapalhando as aulas e eram campeões em levar broncas dos professores. As notas estavam quase sempre na tangente da reprovação e exames de segunda chamada eram rotinas nas vidas deles. Até ouvia-se alguns professores compararem-nos com os “CDFs”: “Não vai ser nada na vida!”.
A surpresa: A maioria dos que “davam trabalho” compõem o grupo de empresários, líderes ou executivos bem sucedidos (Não estou falando daqueles que já afloravam sua tendência marginal, mas sim dos contestadores, instigadores e, por conseqüência, faladores).
Já a maioria dos quietinhos e queridinhos dos professores, quase todos ocupam posições “menores” nas empresas onde trabalham.
Quase sempre os que se comunicam melhor têm as melhores posições, mesmo que não sejam os melhores.
E aquela turma da “bagunça” era pródiga na conversa!
O que os empresários mais precisam?
Além de profissionais altamente qualificados, cada vez mais se procura gente animada, positiva e ar-ti-cu-la-da. As empresas precisam de empregados e executivos que sejam bons ouvintes nas reuniões e excelentes oradores nas exposições. O mercado crescentemente competitivo necessita de especialistas no enfrentamento de platéias ao redor de mesas e pequenos e grandes auditórios.
Em quase 40 anos realizando cursos e assessorias às empresas pude verificar que os tímidos são menos competitivos, têm os menores salários, ocupam mais cargos da base da pirâmide.
Se o profissional não souber fazer boas exposições orais, tem tudo para perder as posições que conquistou ou apenas manter-se onde está.
Emerson já dizia: “A palavra é poder, falar é persuadir, converter, atrair..” A palavra flui nossos sentimentos e raciocínio.

Altamir A. Andrade é jornalista, professor e personal trainer de oratória e membro do Conselho de Presidentes do Clube de Oratória e Liderança de Joinville

Leia mais sobre o tema neste blog:
Escolas de jornalismo não ensinam oratória

sábado, 21 de março de 2009

Escolas de jornalismo não ensinam oratória

Um dos maiores filósofos inglês durante o período da Renascença, Francis Bacon, afirmava que o homem completo apresenta três elementos distintos:
O homem que escreve é exato
O homem que lê é cheio
O homem que fala é pronto
Escolas de jornalismo, na sua maioria, não contemplam uma disciplina de oratória. No terceiro milênio cristão da história da humanidade, falar em público ainda é considerada uma arte que se deve aprender empiricamente, apesar de toda a ciência que fundamenta o ato. Na comunicação oral, apenas 7% se faz pelo significado das palavras. Entonação de voz, modulação, velocidade, volume, ou seja, como se fala comunica 38%. Os 55% restantes (a maioria) é o corpo que fala: gestos, posturas, vestuário, semblante etc. Estes dados disseminados principalmente por neurolingüistas revelam o descaso da academia com a comunicação humana.
Praticamente todo o esforço escolar é para ensinar signos, seus significados e significantes. Em seu livro “Pragmática da Cognição – A textualidade pela relevância”, Jane Rita Caetano da Silveira e Heloísa Pedroso de Moraes Feltes (EDIPUCRS, 1997) abordam as inferências nos enunciados e alertam: “Um mesmo enunciado pode ser diferentemente interpretado quando variam as situações comunicativas em que este se inscreve”. A psicologia explica que nenhum ser humano é emocionalmente igual a outro, pois nossas personalidades se formam com base em subjetividades privatizadas em contextos únicos.
Samira Chalub em “Funções da Linguagem” (Editora Ática) afirma que “todos os sistemas de sinais são passíveis de interpretação metalingüística”. Então, sobre uma mesma palavra, dita com um sorriso, tem-se, de um determinado ouvinte, a possibilidade de interpretação completamente diferente se expressa com um semblante tenso, por exemplo. Como se vê, tem razão um dos mais brilhantes comunicólogos da atualidade no país, Dr. Jacques Weinberg: “Quando duas pessoas conseguem se comunicar, é preciso comemorar”.
Em “Lingüística e Comunicação” (São Paulo, Cultrix, 1969), Roman Jakobson lembra: “O empenho em iniciar e manter a comunicação é típico das aves falantes; dessarte (sic), a função fática da linguagem é a única que partilham os seres humanos. É também a primeira função verbal que as crianças adquirem; elas têm tendência a comunicar-se antes de serem capazes de ouvir ou receber comunicação informativa”.
Para se tornar um bom emissor (comunicador, orador, repórter etc) é necessário ter bem definido:
O que falar?
Quanto falar?
Quando falar?
Como falar?
Quando calar?
É imperativo que um comunicador tenha dotes quanto:
- À inteligência, com habilidades para a Argúcia (facilidade para penetrar nos problemas que lhe são propostos);
- Imaginação (facilidade para torná-los concretos) Memória (capacidade para reter os argumentos e o fio do discurso);
- À vontade, composta por Sensibilidade (capacidade de se sintonizar com os sentimentos dos ouvintes);
-Paixão (capacidade para entusiasmar-se com as próprias idéias) e Energia (capacidade de impor a sua vontade aos ouvintes);
- Ao físico, destacadamente para o Aspecto (nobre para se impor – natural);
- Voz (agradável, forte, sonora, maleável, clara, para se fazer compreender) e
- Gesto (fácil, elegante, natural para agradar).
A comunicação verbal é uma “arte” que requer muitas qualidades numa sociedade que tem na televisão o principal veículo de informação, e que Pedro Maciel, em seu livro “Jornalismo de Televisão (Sagra – D.C. Luzzato Editores, RS, 1995) alerta: “O jornalista, na maioria das escolas, ainda continua recebendo uma formação profissional como se fosse trabalhar apenas em jornal impresso e quando vai para a televisão, de um modo geral, mostra muita dificuldade para falar a linguagem do telespectador...”
Ensina ainda o escritor: “O repórter de televisão precisa preocupar-se também em manter cuidados com a roupa, que deve ser bem cortada e de bom gosto, com o cabelo, que deve passar uma impressão de limpeza e harmonia, com a voz, que deve mostrar segurança na televisão, esses cuidados deixam de ser expressão de futilidade, sinais de vaidade pessoal, para se tornar uma necessidade profissional”.
Tão indiscutível quanto é a premissa de que o homem não vive socialmente sem comunicação, deveria ser a necessidade das escolas que formam comunicadores de investirem científica e insistentemente na oralidade humana. Considerando que a comunicação representa a condição da possibilidade da interação social, visa em essência a satisfazer a necessidade de cooperação que se desenvolve na sociedade. A linguagem surge em resposta a esta necessidade, constitui o produto da comunicação.
Para Francisco R. Rüdiger (Comunicação e Teoria Social Moderna – Introdução aos Fundamentos Conceituais da Publiscística. Editora Fênix, 1995), “a linguagem é uma criação coletiva em que se materializam as formas de consciência socializadas pela comunicação, alimentando a consciência individual e fornecendo a matéria de seu desenvolvimento”. É de se espantar que diante de tantas evidências e complexidades pouca atenção se dá ao tema nas escolas.
Enquanto um orador do cotidiano enfrenta platéias de dezenas ou algumas poucas centenas de ouvintes, o repórter, jornalista ou apresentador de televisão “conversa” com milhares, milhões. Suas dificuldades aumentam, pois ele não vê sua platéia que o fixa atenta e detalhadamente. Superar o medo de falar em público não é tarefa simples, em se tratando de profissionais de comunicação, pois ele sabe que a platéia está ali e ele não a vê. Enquanto o orador de platéias vê e interage com o “perigo”, o profissional da comunicação o tem potencializado, por ser o “perigo” invisível.
Jornalistas são seres humanos, apesar de alguns se acharem o contrário, e uma pesquisa feita no início deste milênio pelo jornal inglês Sunday Times com três mil americanos revelou dados surpreendentes. A pergunta era: qual o seu pior medo? As respostas:
41% disseram que era falar em público;
32% têm mais medo de altura;
22% de insetos;
22% de ter problemas financeiros;
19% de doença;
19% da morte.
Outra pesquisa realizada com 100 mil australianos mostra que 1/3 dos entrevistados diz preferir a morte a falar em público. Em qualquer lista de medos, o medo do público geralmente aparece em primeiro, na frente até da morte. O medo de falar em público é, na verdade, uma soma de vários medos:
- o medo de falhar ou de fazer uma apresentação pobre;
- o medo da platéia, pois a vemos com uma autoridade julgadora;
- o medo do material
É fato que a “arte” de falar, polemizar, conversar e discursar permite revelar o caráter, temperamento, cultura e grau de educação do orador. O medo de falar em público impede que algumas pessoas consigam fazer uma boa apresentação. O Clube de Oratória e Liderança de Joinville (www.clubedeoratoria.org.br) divulga os dez maiores medos:
1) De falar em público;
2) De altura;
3) De insetos e vermes;
4) De problemas financeiros;
5) De águas profundas;
6) De doenças;
7) Da morte;
8) De voar;
9) Da solidão;
10) De cachorro
O medo do desconhecido, inerente da natureza humana, é outro vilão. Enfrentar platéias e não ter domínio sobre suas reações assustam tanto quanto o medo da opinião pública sobre sua reportagem ou apresentação. A maioria das pessoas é muito autocrítica e teme o ridículo. Identificar o medo e enfrentá-lo são as melhores formas de impedir que ele atrapalhe o seu desenvolvimento profissional. Como é que um projeto pode ser aprovado se você estiver tremendo nas bases na hora de apresentá-lo?
Entre executivos brasileiros, pesquisa da revista Você S.A. apontou:
- 64% de 481 leitores que responderam dizem ter medo de falar em público.
- 66% de 261 assumem que esse é um de seus maiores medos.
Duas notícias para você. A má: vencer esse medo é fundamental para você ter chance de sucesso. A boa: é possível dominar esse medo e até fazê-lo trabalhar em seu favor. "Não existe nada realmente especial em falar em público. Não é um dom genético herdado nem está sujeito à inspiração divina. É um ofício que se aprende, exatamente como se aprende o ofício de marceneiro, de esquiador, de saxofonista", afirma o americano Jack Valenti em seu livro A Fácil Arte de Falar em Público.
O circuito completo das comunicações verbais se compõe de seis partes:
1) Fonte e ou emissor humano
2) Voz
3) Vocabulário
4) Expressão corporal
5) Decodificadores
6) Retorno
Enquanto a voz comunica mensagem emocional, temperamental e psicológica, carregando com facilidade a personalidade, o vocabulário leva a mensagem intelectual. Constitui-se de sinônimos, antônimos e analógicos ou palavras afins. A expressão corporal (mímica) pode fortalecer ou enfraquecer e até destruir a comunicação da voz e do vocabulário, pois como já vimos, o corpo comunica mais da metade da mensagem.
Os decodificadores, receptores ou ouvintes, receberão a comunicação de maneira fidedigna se não houver interferência, ruído. Já o retorno, ou feedback, é a realimentação para que o comunicador possa receber e aproveitar as influências do ouvinte ou de um auditório para manter o discurso ou mudá-lo.
Os gregos (da Grécia antiga) pregavam que era muito mais vergonhoso um indivíduo não saber lutar com sua comunicação verbal do que não saber lutar com sua força física, pois a força física era fruto da mãe natureza e a capacitação para a linguagem oral dependia única e exclusivamente da vontade de cada um.Escolas de comunicação precisam atentar para o ensinamento de outro grande orador, Sócrates, que dizia: “Fala para que eu te veja”.
Altamir A. Andrade é jornalista, professor e personal trainer de oratória, Instrutor Titular e Conselheiro do Clube de Oratória e Liderança de Joinville